por Walkyria Maria Madruga Coelho
O medo é uma reação instintiva essencial, que nos prepara fisiologicamente para lutar ou fugir diante de situações ameaçadoras. É um estado emocional que ativa os sinais de alerta do corpo diante dos perigos.
Todos nós sentimos medo, muitas vezes sem qualquer sentido ou razão lógica. A criança vive a maior parte do tempo no mundo da imaginação, da fantasia, confundindo muitas vezes as duas realidades, expressando medo muitas vezes sem um motivo aparente.
Os adultos às vezes não sabem lidar com essas situações e não dão a devida importância ao fato. Com a melhor das intenções chegam até a repreender a criança, achando que se trata de “manha”, principalmente se não encontram uma razão que justifique aquela reação.
Quando a criança tem medo do escuro, acorda assustada e vai para a cama dos pais, a reação mais comum é permitir que ela fique e durma junto com os adultos, o que pode virar um hábito. Quando tem medo do mar ou da piscina, muitos pais pensam que a melhor maneira de tranquilizar a criança é mostrar que não há nada a temer, obrigando-a a enfrentar a situação.
Essas atitudes podem provocar alguns desequilíbrios psicológicos e emocionais, piorando ainda mais o quadro. É importante ouvir a criança, entendendo que o que diz é verdade para ela. É preciso saber ouvir e respeitar o sentimento da criança, para depois buscar a melhor forma de conversar com ela sobre aquilo que a amedronta.
Expor a criança a situações nas quais ela se sinta insegura só vai causar sofrimento, ansiedade e insegurança. Um medo que poderia ser superado no processo natural de desenvolvimento, pode se transformar em um medo fóbico, deixando-a mais assustada e agitada.
É natural que o medo apareça mais forte quando acontece algum evento: quando a criança escorrega e cai na piscina funda ou se perde dos pais na praia. Dependendo do tamanho do susto e do excesso de preocupação dos pais, ela pode ter uma reação exagerada diante de situações simples. Criança também aprende por imitação e, por perceber o desespero dos adultos diante da situação, pode desenvolver um padrão de resposta fóbico.
É necessário mostrar que algumas coisas são realmente perigosas e que devem ser evitadas, pois estabelecer limites faz parte do processo educacional. Orientar que escadas, piscinas, tomadas ou janelas podem representar riscos é fundamental, mas sempre com firmeza, congruência, segurança e carinho.
É importante evitar a utilização do medo da criança como meio de poder, para obter obediência, como por exemplo: “se você não me obedecer vou deixar o bicho te pegar” ou “o monstro vem te assustar porque ele não gosta de criança desobediente”.
O diálogo e a paciência são ferramentas importantes no processo de desenvolvimento emocional e psicológico da criança, principalmente quando ela ainda não consegue se expressar e dizer o que sente.
É responsabilidade dos pais ajudar a criança a enfrentar esses temores e procurar identificar a origem ou mesmo a existência do medo, tarefa que exige muita atenção e dedicação. Brinque com a criança, entre na fantasia dela. Com experiências lúdicas os adultos entendem melhor os anseios dos pequenos e esses aprendem a enfrentar várias situações onde o sentimento de medo aparece.
Em geral, a criança supera a ansiedade, a insegurança e medos menores com o apoio e amor dos pais. Um simples abraço é suficiente para afastar perigos reais ou imaginados, pois os adultos significativos representam criaturas poderosas, capazes de protegê-las de qualquer coisa que as ameace.